segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Técnicas de abordagem

Aquele cursinho rápido de fim-de-semana propunha trazer à tona todas as verdades eficientes sobre abordagens gerais e especiais para tornar real a conquista interpessoal como instrumento de sucesso nesta (e na outra) vida de convivência sócio-comercial.
Para vender com êxito será sempre preciso abordar com técnica e eficácia.
O tema específico daquela aula chamava uma conduta agressivo-incisiva na direção de uma abordagem irrecusável.
Para vender seria necessário abordar com postura média entre decisão e persuasão. Se o objetivo era o dono do manda – o chefe, o patrão, o senhor do sim e da caneta – seria de bom alvitre conquistar primeiro a confiança e a simpatia da secretária de tal eminência. Sim, porque essa, gozava da intimidade do chefe, e detinha a lista pessoal das preferências e das restrições desse reizinho-empresário-patrão!
Pandolfo precisava vender um quinhão imobiliário de sobejo valor absoluto e relativo que, certamente traria muita alegria no contexto, para vendedor, comprador e intermediário.
Todo processo tinha seu ponto crítico exatamente no intermediário que, por acaso era ele!
O negócio era promissor. No entanto era plausível desenvolver um conteúdo de aproximação e convencimento para que tudo chegasse a bom termo.
E não bastariam argumentos simples e grosseiramente objetivos.
Seria oportuno mostrar o lado imponderável da transação: - sim, aquele aspecto emocional, circunstancial e cósmico do empreendimento, único que poderia sustentar o plus do maior preço para satisfação geral da nação.
E isso só a “secretária” poderia assimilar e transmitir, de maneira transcendental ao estimado chefe. Então era vital conquistar a secretária.
Um ramalhete de rosas vermelhas no primeiro encontro.
- “Mas o que é isso, seu Pandolfo?”
- “Nada não, apenas um agrado justo porque nada melhor e mais sugestivo do que rosas para uma rosa!”...
- “Muito obrigada – mas não precisava”.
No segundo contato uma caixa de sortidos e saborosos bombons.
- “Ah, seu Pandolfo, o senhor vai me fazer engordar”.
- “Que nada – nada pode mudar e subverter sua beleza”.
- “Obrigada!”
No terceiro, um pequeno mimo de quase ouro ornado de pedras semi, de grande efeito visual.
- “Seu Pandolfo o senhor me deixa encabulada”!...
- “Qual é (?) – é só um agrado que você fez por merecer...!”
E assim seguiu a ópera com suas várias e serpentinas etapas tragi-cômicas.
Isso era o que mandava a lição do cursinho.
Mas, afinal – o heróico Pandolfo conseguiu vender o achado imobiliário ao poderoso Sr. Chefe da homenageada e agraciada secretária?
Na verdade não.
Mas e aí – o que de útil aconteceu, depois de tamanho esforço?
Pandolfo casou com a secretária que por sinal se chama Dulce!
Quer mais? Hoje vivem felizes em casa alugada na periferia, cercados de nove lindos rebentos.
E a abordagem? Essa fica por conta do cobrador das contas do armazém, do telefone, da água, da luz e por aí vai...
Viva o cursinho!

 

Nenhum comentário: