terça-feira, 21 de agosto de 2007

Pobre-rio - pobreriu...

Confesso que ainda não sei com quantos paus se faz uma canoa...

Mas, se soubesse, não saberia remá-la em nosso rio Santa Maria.

E quem saberia sem utilizar os fartos recursos virtuais, singrando mapas e velejando sonhos?...?

Verdade seja dita: - o rio continua dizendo presente na sessão da cartografia oficial. E mais – o rio é real no imenso vale verde de nossa geografia sentimental...

Serpentiforme, corre, solto e limpo, páginas a dentro de uma história que ainda não exauriu nossa alma! E só...

Porém lá, onde o sabiá o cantava, a coronilha o sombreava e o pintado o deliciava, não está mais.

Lá onde o barqueiro remava; o Zé do Caniço saciava sua fome; a Maria das Trouxas lavava sua roupa; o João da Carroça colhia sua areia; a Madalena dos Trapos juntava seus gravetos; o Pedro dos Calções mergulhava suas doces mágoas; a Ana dos Brincos navegava seus caprichos e o Paulinho do Bodoque se lambuzava de pitangas, não está mais.

Cadê o rio??

Lá onde estava e sempre deveria estar, não está mais...

Onde está?...?

Será que correu todo para o mar?? Para o mar da Internet?...

Será que, aterrorizado, recolheu-se às nascentes, a espera de um tempo de paz e sanidade?? Será?...?

É possível que, envergonhado com sua inutilidade tenha se enterrado, definitivamente, na moderna consciência do “obsoletismo programado”... É muito provável que, envelhecido na rotina das águas e das mágoas, tenha se asilado nas têmporas do vento. É deduzível que o aluvião dos desenganos tenha arrasado a derradeira fortificação de seu amor próprio.

Conjecturas...!

Cadê o rio??...

Será que fugiu para a longínqua pátria do nada?? E será que isso é tudo?? Será?...? Pobre rio – pobrerio – pobreriu...!

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